E lá fui eu naquele lugar enorme cercado de crianças por todos os lados. Alguns gritavam, outros corriam e eu só tentava entender o que estava acontecendo. Em toda a minha vida nunca estive tão perto de tantas pessoas diferentes como naquele dia.

Entrei em uma sala. Todos estavam sentados, cada um no seu devido lugar. Eu escolhi um lugar no fundo porque talvez seria uma tentativa de me esconder. Não queria ser vista ou chamar atenção em um lugar onde me sentia tão sozinha.

Na frente uma única pessoa. A primeira que iria me ensinar o que hoje posso fazer sem abrir meus lábios e ser compreendida por quem saber ler. Aquela mulher não era alguém que eu sentia confiança ou admiração, mas alguém que sabia muito mais que eu.

Os anos foram passando e eu fui conhecendo novas mulheres e homens também. Todos sabiam me mostrar um mundo novo que ainda não havia sido descoberto por mim. Ainda assim eles não conseguiam conquistar meu coração.

Até o dia que encontrei a única pessoa que me fez amar algo que sempre tive medo. Com ela descobri que os números eram tão bonitos quantos as letras. Eles também eram capazes de conversar comigo. Consegui ficar encantada e apaixonada pelos números. Só que o amor não durou para sempre.

A vida me separou daquela mulher incrível e todo o meu ódio pelos números voltou de uma maneira muito maior. Não gostava nem de pensar que houvesse um número na porta da minha casa.

Hoje sei que meu amor nunca foi pelos números e sim por ela. Uma pessoa que sempre entrava sorrindo pela sala e partia ainda mais feliz. Conseguia fazer todos ficarem quietos com um olhar e dominava adolescentes gigantes, bem maiores que ela, que era muito baixinha.

Eu nunca mais tive a chance de encontrá-la novamente e lhe agradecer. Só sei que todos os anos no dia 15 de outubro, o dia do professor, sua lembrança volta a minha mente. Jamais esquecerei minha querida professora de matemática, pequena no tamanho, gigante nas atitudes e com um apelido tão lindo que jamais esqueci dele. Minha querida Betinha, você mora para sempre no meu coração. 

(Um texto para homenagear minha professora Betinha porque hoje se comemora o dia dos professores.)

Por hoje é só pessoal...

Beijinhos e até mais...