Eu estava fazendo um passeio com minhas amigas, por uma praça que fica movimentada nos finais de semana. É um lugar onde todos se encontram. Tem crianças, idosos, pessoas caminhando, pássaros cantando felizes, é um lugar de grandes encontros.

Minhas amigas resolveram comprar sorvetes e eu fiquei observando as abelhas que iam de flor em flor, pareciam que estavam dançando. Queria ficar um momento sozinha para refletir e foi uma boa oportunidade para isso.

Meu momento de solidão não durou muito tempo. Assim que olhei para o outro lado, percebi sua presença. Estava parado, me observando e não parava de me olhar. Nunca recebi um olhar assim tão fixo e penetrante, quente e sedutor. 

Não acreditei que aqueles olhares pudessem ser para mim, por isso olhei para o outro lado. Simplesmente ignorei sua existência. Mas por mais que eu o ignorava, conseguia sentir sua presença. Meus olhos não precisavam estar juntos aos seus, eu sentia que ainda me olhava. Eu tentei pensar em tudo, mas sua presença estava me dominando.

Nesse momento, minhas amigas voltaram e perceberam que havia algo entre nós. Já não dava mais para disfarçar. A todo instante havia uma troca de olhares. Diante dessa situação as meninas pediram para que eu fizesse algo além de ficar só olhando. Como gosto de desafios, me levantei e parti em sua direção.

Todas as pessoas estavam me observando, mas eu não poderia dar importância ao que eles iriam dizer ou pensar sobre mim. Estava decidida e sentia a sua presença cada vez mais perto. Quando me aproximei só havia uma coisa à fazer. Depois do último olhar, minhas mãos te envolveram, te apertei bem forte e na lata do lixo tive que te jogar, porque é lá que um papel amassado deve ir.  

(O texto de hoje foi inspirado depois que vi um papel no chão. Era o único papel no chão e parecia que estava me pedindo para colocá-lo no lixo.)