Cheguei feliz em casa depois de uma noite muito agitada. Tirei a maquiagem, fui tomar banho e caminhei até a cozinha. Estava com fome e precisava comer, mesmo sendo muito tarde. E foi nesse momento que comecei a sentir algo dentro de mim. Ainda não tinha comido nada e talvez seria fome.

Mas no fundo, eu sabia do que se tratava. Eu já tinha sentido aquilo antes e os sintomas eram fáceis de serem identificados. Apesar do cansaço, o sono desapareceu e a fome também já estava indo embora. Só os pensamentos de ansiedade rodopiavam pela minha cabeça.

Achei melhor não comer e fui para cama. Tentei dormir, mas não consegui. Tentei ouvir uma música, mas não consegui. Tentei não pensar em nada e não consegui. Estava me sentindo mal. Não era doença e nenhum médico do mundo poderia me curar.

Aquela sensação estranha e boa dominava meu corpo. Todas as borboletas do mundo invadiram minha alma. Algumas pessoas dizem que elas podem voar pelo estômago, mas as borboletas estavam voando pela minha alma. Voavam alto e felizes ao meu redor, invadindo o meu quarto.

Com o passar das horas o sono chegou e dormi ao lado de todas aquelas borboletas. Foi um sono muito tranquilo e cheio de esperanças. A esperança de ter encontrado alguém capaz de fazer meu coração bater mais forte e de me fazer ver todas aquelas lindas borboletas.

Quando abri meus olhos pude ver o brilho do sol. Era um novo dia. Meus olhos não paravam de olhar para o telefone na esperança de ouvir sua voz novamente. As horas passaram e nenhum telefonema. O dia acabou e eu ainda tinha esperança. Talvez no dia seguinte, ou no final de semana, ou quem sabe quando você se lembrar que por trás daquele número existe uma pessoa com sentimentos.

Hoje depois de tanto tempo sei que nunca irá me telefonar e tudo não passou de sonhos. As borboletas que um dia estiveram ao meu lado estão voando em outro lugar. Estão em um lugar tão distante que as vezes acredito que se esqueceram de onde fica o meu quarto.

(O texto de hoje foi inspirado depois que dei o número do meu telefone para alguém que pensei que seria especial, mas foi só mais um. A partir de agora não dou meu telefone para homem nenhum.)